Pulis Letters – Edição #19
Tempo de leitura: 7 minutos
Estou muito feliz, ontem várias pessoas se inscreveram nas minhas cartas.
Se você está chegando hoje, puxa uma cadeira e sinta-se em casa.
Já comentei, em edições anteriores, que estou lendo e revendo Game of Thrones.
Ontem, estava lendo o livro e uma frase do Tyrion me chamou atenção:
Possuo um entendimento realista das minhas forças e fraquezas. A mente é a minha arma. Meu irmão tem a sua espada, o Rei Robert o seu martelo de guerra, e eu tenho a mente… e uma mente necessita de livros da mesma forma que uma espada necessita de uma pedra de amolar para se manter afiada.
Li esse trecho pra minha esposa e ela comentou: “isso dá uma postagem”, grifei e estamos aqui. 😂
Essa frase me lembrou de algo muito importante: a necessidade do estudo em nossa área.
Não é mistério para ninguém que a área de TI é um caos. Sempre tem algo novo, um framework JS, uma biblioteca para realizar algo mais rápido e deixar nossa vida mais prática.
Parece que não damos conta de estudar tudo o que precisamos, não é mesmo?
Já senti isso, a síndrome do impostor bate na porta, a ansiedade, a sensação de não ser capaz. Enfim, um mix de sentimentos nada agradáveis.
Isso acontece por dois motivos: muitas informações pela web e norte para os estudos.
Sou de uma época que tudo era mais difícil, por volta de 2010 escrevi meus primeiros HTML’s, o que era o hype da época era:
- Dreamweaver;
- Fireworks;
- HTML;
- CSS 2;
- JS Vanilla.
Não existia a separação de frontend e backend, éramos chamados de webmasters.
Eu nem imaginava que ia acontecer uma evolução brutal no HTML, CSS e JS. Nessa época os primeiros grid systems apareciam, meu primeiro foi o 960gs.
Tenho que confessar, sou saudosista. Gosto da ideia de fazer software bem artesanal. Mas entendendo, que a tecnologia evoluiu e os desafios também.
Por isso, vou te dar 6 conselhos que gostaria de ter ouvido no início da minha jornada.
1. Planeje o que precisa de fato aprender
Evite opiniões alheias, principalmente em redes sociais. Se você precisa de aprender PHP (ou qualquer outra linguagem) para ganhar um pouco mais, corre atrás.
Não importa o que as pessoas irão dizer, isso vai te ajudar a amadurecer profissionalmente.
Se começasse hoje, ia aprender bem o tripé da web:
- HTML;
- CSS;
- JS.
Dica de ouro: Estude pela MDN e fuja da W3Schools, existem muitos exemplos ruins por lá. A W3Schools não tem ligação com a W3C.
Um bom start também são os roadmaps que a comunidade desenvolve.
2. Tenha um mentor
Essa frase diz muito sobre ser mentorando de alguém:
Se eu vi mais longe, foi por estar de pé sobre ombros de gigantes.
Issac Newton
Eu tive a felicidade de ter bons mentores ao longo da minha carreira, um deles foi o Reinaldo Ferraz.
Consumam o conteúdo do Reinaldo, vocês não irão s arrepender. Inclusive ele escreveu um livro bem completo sobre Acessibilidade Web, fiz uma resenha sobre ele
Voltando ao papo do mentor, a função dele é te ajudar em:
- Encurtar o caminho;
- Identificar suas fraquezas;
- Corrigir o que precisa;
- Ajudar em suas dificuldades.
Lembre-se, Frodo não chegou sozinho em Mordor.
3. Aprenda HTML de verdade
A maioria dos erros de acessibilidade existentes, são erros básicos. Uma pesquisa da WebAim, apontam os 6 erros mais comuns:
- Texto com baixo contraste;
- Imagens sem texto alternativo;
- Links vazios;
- Inputs de formulários sem <label> atrelada;
- Botões vazios;
- Documentos HTML sem definição de idioma.
Percebeu algo em comum neles? Todos são erros de escrita de HTML.
Eu escrevi um tempo atrás um artigo detalhando cada um deles e como corrigi-los.
Como na estória dos 3 porquinhos, para a casa se sustentar precisamos da base sólida.
Dedique tempo lendo sobre:
- HTML Semântico;
- Entenda o DOM corretamente;
- Explore as novas API’s do HTML;
- Se for necessário reaprenda a escrever HTML.
Ter um conhecimento sólido nisso, fará você se destacar na multidão. Pode parecer exagero, mas vai por mim estude com profundidade esses temas.
4. Aprenda acessibilidade
Papo reto, acessibilidade é muito importante por uma série de razões.
Uma delas é escrever um código cheio de gambiarra, pode impossibilitar o acesso para mais de 45 milhões de pessoas no seu site ou app.
A escrita do HTML correto, está intimamente ligada com a acessibilidade.
Escrevendo um HTML correto, garanto a acessibilidade.
Aprofundando em acessibilidade, você vai:
- Se destacar no mercado: não pouquíssimos frontends que sabem de verdade;
- Promover autonomia para pessoas com deficiência;
- Ter responsabilidade social;
- Evitar sanções jurídicas e multas;
- Expandir seus horizontes.
5. Teoria importa, mas não estude só ela
Não é perda de tempo aprender a teoria das coisas, quando eu comecei a estudar acessibilidade tinha muito pouco material em português.
Então, garimpava vários links pela web, foi assim, que nasceu o Awesome A11y, uma curadoria de links de estudo sobre acessibilidade.
Estudei a teoria dos critérios de acessibilidade e como aplicá-los, hoje consigo pela prática identificar qual o problema, critério violado e como corrigir.
Isso te dá uma segurança técnica enorme.
Voltando ao conselho do Tyrion, gaste tempo:
- Lendo bons livros;
- Procurando boas documentações;
- Fazendo mentorias;
- Tirando dúvidas com pessoas experientes.
6. Teste suas hipóteses
O processo de aprendizado não precisa de ser chato, você pode e deve se divertir enquanto aprende.
Dedique tempo colocando em prática aquilo que aprendeu, esse é um conselho que olhando pra trás eu me arrependendo de não ter seguido .
A teoria aliada a prática é o segredo para termos:
- Conhecimento sólido;
- Aprender com os erros;
- Melhoria contínua.
O mais importante é saber suportar o processo, demorou mais de 5 anos para ter o conhecimento de acessibilidade que tenho hoje.
Talvez, você não tenha todo esse tempo disponível, mas não tem problema.
Estou aqui para te ajudar ❤